quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sacra essa coisa


Isso que me acorda todos os dias às sete horas da manhã.

Que rasga, que esvazia, que diz adeus, tirando-me a fome, o sono, o sonho...

Isso que é um gostar, assim meio carne, assim meio carinho, assim batendo forte no peito;

Isso que vai e que volta,

que alegra;

que desespera;

que diz: espera!

Isso que revolta e que encanta;

Que anda pelas ruas, que está no canto dos bêbados;

dos desvalidos;

dos que não têm voz;

dos que cantam ou declamam sem platéia;

dos anônimos;

Isso que cega,

Isso que é uma palavra que esconde um nome em forma de anagrama;

Em forma de verso e prosa, nerudando, quintanando, cantando como ave;

Isso que é claricehildadélia,

Isso que é pradohilstlispector

Isso que é nome e sobrenome alinhados como se fazendo amor e gemessem poesia,

Isso que é livresexacoitasacrotal

Isso que não é novidade, que é apenas paixãopoemanovelalivroesportevida;

Isso que apesar de tantos nomes não atende a nenhum,

Que não tem sentido, que não faz sentido, mas que é sentido

Que não é sacro, mas que diante dele todos se curvam...

Isso, vasto, indefinível, sofrível, necessário.

Xico Fredson!

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